Paula Neves, de 31 anos de idade, é uma mulher com muita pedalada. Presença constante nas mais variadas séries e telenovelas desde há mais de 10 anos.
Há quem lhe chame "Trinca-Espinhas", mas Paula Neves, de 31 anos de idade, é uma mulher com muita pedalada. Presença constante nas mais variadas séries e telenovelas da TV portuguesa desde há mais de uma década (Riscos, Anjo Selvagem, Tu e Eu, Olhos nos Olhos e por aí adiante...), a simpática actriz vive um casamento tranquilo com Ricardo Duarte e confessa-se "muito feliz". E para tudo ser perfeito, só lhe falta um bebé: "É verdade, gostava de ser mãe", diz ela em dado passo desta entrevista a SapoFama.
A Paula é neste momento uma actriz muito respeitada. Quando fez o "Anjo Selvagem" pensou que chegaria aqui?
Não, nunca pensei...Já ando nisto há 11 anos e tenho as mesmas inseguranças e os mesmos medos. Talvez porque ser actriz, para mim aconteceu muito tarde. Eu já estava na faculdade a tirar Sociologia e à partida o meu caminho era outro. Ser artista não era uma opção. Na minha família ninguém tinha seguido essa área e, até por isso, os meus objectivos passavam muito pela escola: tirar um curso, arranjar trabalho. Essa era a minha prioridade e de repente a vida obrigou-me a ir para outro lado e eu fiquei um bocadinho desamparada. Mas a verdade é que já passaram 11 anos e eu continuo a trabalhar. Pode ser que consiga ficar por cá, quem sabe...
O curso de Sociologia ajudou-a de alguma maneira no meio em que está?
Ajudou-me enquanto actriz a ter uma concepção da realidade mais exacta, porque quando encarno uma personagem analiso sempre o individuo inserido na sociedade. Acho que também me ajudou a lidar com os meios de comunicação; sou muito recatada, é certo, mas nunca tive nenhum problema com a imprensa e nunca me controlo nas entrevistas. Falo abertamente de todos os assuntos e nunca tive um incidente de invasão de privacidade. Nunca!
Como é que o marido da Paula lida com a sua profissão?
O Ricardo está muito habituado. Ele sabe que quando estou a gravar uma novela não tenho tempo para nada, é de manhã à noite. Chego a casa e tenho os textos para estudar, ao fim-de-semana tenho que ler os episódios, consome-me muito tempo, mas como oscila com períodos em que tenho disponibilidade total, ele lida bem. De repente fico com tempo para tratar da casinha, dos gatos e para o mimar. Compenso-o.
O que é que mais gostam de fazer juntos?
Viajar. A nossa primeira viagem foi à Tailândia, mas confesso que a nossa lua-de-mel, em Bali, foi melhor. Também adoramos cidades europeias, Londres, Paris, Amesterdão... Cada viagem dá-nos coisas diferentes e abre-nos a cabeça para outras realidades. É muito bom e muito saudável. As últimas viagens que fizemos foram a Ponta Cana. Eu achei à partida que seriam umas férias sem grande emoção, mas adorei: foi espectacular. Todas as viagens têm qualquer coisa que nos preenche e acrescenta algo ao que já éramos.
Acabou de gravar a telenovela da TVI "A Outra Face do Mal", um trabalho que exigiu que cortasse o cabelo. Como é que foi lidar com isso?
Eu interpretei uma mulher mais velha, glamourosa, sofisticada, eles quiseram que eu cortasse o cabelo para criar essa personagem e eu cortei...Foi uma mudança radical mas confesso que não me custou nada porque foi uma exigência profissional. Se fosse uma decisão minha, seria incapaz de chegar a um cabeleireiro e fazer um corte destes porque achava que, à semelhança de Sansão e Dalila, quando me cortassem o cabelo perderia a minha força (risos).
Envelhecer assusta-a?
Tenho 31 anos e estou muito feliz. Não tenho vontade nenhuma de voltar atrás. Acho a maturidade muito mais interessante do que a adolescência e nem que me pagassem voltava aos meus 18 anos (risos). Nesta fase saboreia-se a vida de outra maneira, com outra segurança, outra descontracção e com outra sabedoria. Gosto muito da maturidade, acho-a muito atraente.
Que projectos tem para já?
Para já gostava de ser mãe, se bem que não é fácil encontrar a altura certa. Agora, por exemplo, o Ricardo (marido de Paula Neves) mudou de área e resolveu voltar a estudar. Está a ter aulas à noite, de manhã trabalha e, portanto, não é uma boa altura. Mas já decidimos encarar um bebé como mais um elemento das nossas vidas. A vida continua sempre com a corrente a acelerar e um filho vai ter que entrar nessa corrente, é assim com toda a gente. Se não, continuamos na situação de os outros terem filhos e nós gatos! (risos) Eu não tenho uma visão fatalista do mundo e se tanta gente consegue nós também vamos conseguir. Além de que temos os nossos pais para nos ajudar.
Não receia as mudanças físicas de uma gravidez?
Tenho medo, mas não das mudanças físicas. Se ficar com mais anca e com mais peito não vou ficar nada chateada (risos). O parto também não me assusta, é um momento de força pelo qual todas as mulheres devem passar.
O que me mete medo é ter uma coisa aqui dentro, que se mexe, que cresce, que me provoca enjoos, tonturas e cansaço e pensar que sou eu que vou estar sozinha e ter que lidar com isso...
Que actrizes nacionais e internacionais admira?
Em Portugal a Alexandra (Lencastre) foi a minha madrinha de televisão e foi ela que me fez apaixonar pela representação. Admiro muito a maneira como ela trabalha. Gosto dos actores que são e não dos que representam. Ela é uma dessas actrizes, trabalha mesmo com a verdade, isso emociona e no fundo o trabalho do actor é emocionar o espectador. Outra das actrizes que me tocou profundamente foi a Isabel de Castro, que infelizmente já morreu.
A nível internacional gosto muito do trabalho da Emily Watson e da Meryl Streep.
Como é que vê o trabalho destas novas gerações "Morangos com Açúcar"?
A minha experiência a trabalhar com os miúdos é que há de tudo: há pessoas que se vê logo que estão de passagem, porque estão lá para aparecer na televisão. Depois há miúdos que estão verdadeiramente a tentar ser actores e a trabalhar nesse sentido.
Fazer cinema está nos seus planos?
O cinema em Portugal é um meio muito elitista, muito fechado e onde há muitos preconceitos. É incrível: as pessoas desse universo por um lado dizem que não vêem televisão, mas sabem rotular quem faz televisão e não aceitam que façamos cinema. Olham para trabalho de novela como uma barreira: se fizeres telenovelas, não podes fazer cinema. Criei assim uma relação de amor-ódio com o cinema. Por um lado queria muito fazer, porque é uma vertente da minha área. Por outro lado fico revoltada por não conseguir entrar, mas sinceramente também me questiono se gostaria de fazer parte desse mundo cheio de incoerências.
fonte:sapo fama
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